Texto : Memórias Escritas
Num desses dias ainda cruéis de nostalgia e amarguras eu me peguei pensando em alguém, que eu não sei bem quem, nem como, muito menos quando, começara a invadir essa minha pacata vida. Veio vindo de repente, como quem não quer nada, e agora conseguiu roubar todas as palavras para que eu o descrevesse. Tu merece, me fez ver a luz no fim do túnel com esse teu sorriso. Sim, é ele que eu quero ressaltar hoje. Lindo. Essa palavra chega a ser pequena diante do que esconde aí dentro da boca. E a tua boca, ô menino, como é que esses pequenos riscos encaixam tão bem aos teus dentes? E por que, céus, é ela que ficara na minha mente nesse fim de semana?
Teus lábios finos marcam uma caranca que eu sei que tu não tens, essa cara de mau é só charme. Cai bem, admito. Mas mostra de novo esse teu sorriso, vai, só mais uma vez... Isso menino, deixa ele estampado na cara por umas horas, preciso ter motivos pra sonhar novamente e em teu sorriso encontrei. As palavras bonitas estavam escondidas dentro da tua boca e agora que encontrei não me perco mais, deixe-me aqui relatando-as mais uma vez. Sim, escreverei mais e mais vezes desses teus dentes alinhados. Ah meu menino, estou indignada, queria ter te encontrado antes. Ter percebido antes. Ter sorrido muito antes.
Tu me trouxe o doce. Palavras doces, sorrisos doces, sentimentos doces... Vai, sorri de novo, adoro o som que a tua risada faz quando tu fica sem graça com o meu palavreado estranho e antigo. O jeito como toca os cabelos quando nervoso, as semi covas próximas a bochecha, os olhos meio fechados quando ele se abre, sim, o sorriso. Aquele que modela aos riscos da tua boca e mostra os dentes brancos alinhados, extremamente corretos, extremamente brancos, extremamente lindo. E eu invento as mais bobas piadas, finjo a ignorância pra te fazer sempre mostrar ele pra mim, te ter assim, feliz pra mim. Teu sorriso me fez sorrir de um jeito que eu sentia falta, nem lembrava como fazia, mas a primeira vez que ocorrera me fez tão bem que quase chorei ao perceber que eu conseguira, de novo, eu voltara a amar!
Ei, só mais uma vez: sorri pra mim e me deixa mergulhar no mar do teus olhos mais uma vez?
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